sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Reviravoltas

“A melhor coisa que tenho é, senão, a poesia. Não pela literatura em si, mas porque ela me complementa. Tudo é tão complexo, mas pode ser feliz. Buscar devaneios oriundos de dores ou sonhos. O problema é não aceitar o que intimamente nos pertence. Chegada de ano novo, outra oportunidade, não outra vida. Somos essa coisa que nos surpreende e mata, alimenta e zela, desconsola e rouba. Ler outros poetas, talvez, contudo ficar com seus preferidos. E me defino com pequenos monstros, mas não maiores que o melhor que há em mim. Ter coragem de viver e seguir. Isso define o apreço que temos a vida.”.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Chão que se pisa e se cria

O que escrever de autêntico para alguém autêntico?/ Tentativa ou trabalho em vão?/ Chão de pisar facíl, mas não facíl de se colocar na mão/ Aquilo que se revela indissolúvel de si/ E não tem como arrumar outro argumento, pois tudo falha se não for o autêntico.

(A Vagner de Alencar)

sábado, 11 de dezembro de 2010

Inquieta

Dedicado a Danatiele Segato

Menina para de querer se negar
Buscar mudanças vale, mas se anular?
Corra dessas correntes ridículas de princesa
Não precisa combinar amor com flor
Não precisa ser uma vadia ou uma transeunte qualquer
O que vale é experimentar outras faces
Encontrando algo ou não
Essa questão recorrerá nos próximos vinte anos ou mais

domingo, 5 de dezembro de 2010

Perecível

Tem dias que sou uma porta fechada para qualquer forma de Literatura. Creio que só o som me aquece todos os dias ou me atormenta na maior parte deles. Escrever para muitos é uma construção, projeto de vaidade ou necessidade social. No meu caso escrever é uma extensão do viver, é como se as palavras completassem os sentidos.
A gente que escreve na maior parte do tempo pensa. E não pensa só racional. Pensa criando cenas daquilo que experimentamos ou não. Elaborando outros finais mais justos ou completos. O humano nos escapa, mas a gente tenta estampá-lo. Não é um se achar é um se dedicar.
Tem dias que transbordo cores disformes, mas delas nasce o esplendor jorrado em versos ou textos. Não entenda quem escreve, esse pode ser louco. Apenas aprecie ou deprecie sua obra com justiça. Ninguém morre ou nasce por escrever (não se vivemos uma democracia), mas algumas pessoas preferem morrer e nascer sempre na escrita para assim ganharem seu alimento que as sustente e ilumine.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Mergulho ou Oceano

Tenho medo de mergulhar
Mergulhar e me achar
Mergulhar e me afogar
Medo dessa coisa comum que todo mundo escreve

Medo dos amores que nem quero mais viver, mas espero
Medo dessa meiguice que nada é disfarçada
Medo da cegueira, da banalidade, do que nem me pertence

Tenho medo de mergulhar
E achar nesse oceano íntimo coisa melhor
Na verdade o medo é outro
Medo de ver que lá dentro a menos que aqui fora

Meio confessional

Estão me apresentando tantas banalidades. Principalmente no amor estão sendo medíocres. Ouço, falo, procuro entender pela emoção e razão o motivo de fazerem do especial o mais promiscuo dos termos. Na verdade, nem o fazem promiscuo. Se o fizessem haveria milhares a procurá-lo. O fazem descartável. Como algo que incomoda pela feiúra ou imundice.

Porque são assim? Seja em qual cidade ou qual campo o banal é a mais usual das maneiras. Anacrônico sou a isso tudo que me passa? Então não aprendo e na minha didática nada ensino.

Estamos entregues as banalidades. Múltiplas formas, vários dizeres e, no entanto o mesmo conteúdo. Agem assim como que lhes faltasse tudo se fossem menos banais. O que não tocamos como escrevê-lo? Nem é preciso escrever basta vivê-lo. No mundo de tantas tecnologias o único lugar comum é nem saber o que isso significa. Amplificados os que possuem a alma solta, pois esse serão por si consagrado.